O Brasil enfrenta um paradoxo quando se trata da reciclagem. Apesar de ser um dos maiores produtores de resíduos sólidos no mundo, apenas 4% desse material é reciclado, segundo dados recentes da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). Esse índice está muito abaixo da média global, que varia entre 20% e 30%, dependendo do país.
A situação é agravada pela ausência de políticas públicas eficazes em grande parte dos municípios. Cerca de 1.500 cidades brasileiras não possuem programas de coleta seletiva, e mesmo nas que têm, o funcionamento é precário. Isso resulta na sobrecarga de aterros sanitários e no envio de toneladas de materiais recicláveis para lixões, gerando perdas econômicas estimadas em R$ 14 bilhões anuais.
Recentemente, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares) foi implementado para estabelecer metas mais ambiciosas para o setor. O programa projeta, para os próximos 20 anos, o reaproveitamento de 50% dos resíduos sólidos gerados no país. A estratégia inclui a expansão da reciclagem, compostagem e recuperação energética.
Ainda assim, especialistas destacam a necessidade de maior engajamento do setor privado e do governo. “O Brasil está perdendo uma grande oportunidade econômica e ambiental ao negligenciar a reciclagem. Precisamos investir em infraestrutura e educação para mudar esse cenário”, ressalta Carlos Silva Filho, presidente da Abrelpe.
Enquanto países como Alemanha e Suécia utilizam tecnologias avançadas para reciclagem e geração de energia a partir de resíduos, o Brasil ainda enfrenta gargalos básicos, como a falta de conscientização da população sobre o descarte correto de materiais. O desafio, portanto, não é apenas técnico, mas cultural e político, exigindo ações coordenadas para transformar o setor.
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