No Brasil, a reciclagem de plásticos enfrenta barreiras econômicas que colocam em risco o desenvolvimento da economia circular. A principal delas é a alta tributação sobre materiais reciclados, que torna o plástico reaproveitado menos competitivo em relação ao plástico virgem, derivado de petróleo. Esse problema se soma a uma cadeia produtiva já fragilizada pela falta de infraestrutura e incentivos específicos para o setor.
De acordo com a Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), 60% do plástico produzido no país é descartado sem qualquer reaproveitamento, contribuindo para a poluição ambiental e para o desperdício de recursos valiosos. “Hoje, o plástico reciclado custa até 30% mais caro do que o virgem, o que desestimula sua adoção, mesmo por empresas comprometidas com práticas ESG”, afirma Fernanda Ribeiro, especialista em economia circular.
Para reverter esse cenário, representantes do setor têm pressionado o governo por reformas tributárias que beneficiem a reciclagem. Entre as propostas estão a redução de impostos sobre recicláveis e a criação de subsídios para cooperativas e indústrias que utilizem materiais reaproveitados. Além disso, programas como o Certificado de Crédito de Reciclagem (Recicla+) já começam a injetar novos investimentos no setor, ainda que em proporções limitadas.
A longo prazo, a desoneração dos materiais reciclados não só aumentaria sua competitividade no mercado, mas também poderia estimular a criação de novos empregos e reduzir a dependência do petróleo. O sucesso, no entanto, depende de uma mudança de mentalidade, tanto nas políticas públicas quanto na indústria. “Precisamos tratar os reciclados como recursos estratégicos, e não como resíduos. Isso exige planejamento e compromisso de todas as partes envolvidas”, conclui Ribeiro.
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